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Fullmetal Alchemist: Da alquimia ao sucesso

Imagine um mundo em que a ciência convencional não foi suficientemente desenvolvida, onde a alquimia chegou ao patamar de ciência dominante. Assim é Amestris, o país onde um pequeno garoto loiro e uma armadura metálica enorme caminham lado a lado.

Fullmetal Alchemist foi criado por Hiromu Arakawa (Aviso: esse é um nome de uma mulher) e iniciou-se nos mangas no ano de 2001 na Shonen Gangan. Em 2003, após um enorme sucesso de vendas do mangá, os irmãos Edward e Alphonse Elric ganharam sua série em anime pelo estúdio Bones.

Fullmetal Alchemist Ed e Al Elric

Nesse mundo diferente criado pela Hiromu, uma coisa ainda é igual: a vida. Aqui as pessoas ainda sorriem, choram, sofrem, são ambiciosas, são altruístas, brigam, se reconciliam, sentem dor, ficam doentes e morrem. E essa mangaká traz todos esses sentimentos para sua obra e dá as respostas mais reais possíveis nesse mundo irreal, o que torna Fullmetal Alchemist único em muitos sentidos.

Eu acompanhei todo o anime clássico, então vamos ao enredo. Como disse, a alquimia aqui se desenvolveu muito. Pára. Você não sabe ou sabe vagamente o que é alquimia de verdade, a do mundo real? Então seus problemas acabaram, vou explicar tudo antes de explanar sobre o enredo.

A alquimia é uma proto-ciência. Como assim? Enquanto a Ciência convencional preza obter novas tecnologias, a alquimia também buscava, e digo principalmente buscava, os conhecimentos dos povos antigos para evoluir, com bases mais de religião do que propriamente de ciência. Assim, temos praticas alquímicas desde a época do antigo Egito, tanto que alquimia vem do árabe al Khen” que por sua vez vem do Grego “Elkymia” que quer dizer “O País negro” ou “O País Misterioso“, nome dado ao Egito na antiguidade. Mas foi durante a Idade Média que ela se disseminou por todo o mundo. Algumas das bases da física, química e medicina atual são frutos dos experimentos alquímicos. As técnicas de fundição de metais atuais são basicamente devidas aos alquimistas. Cada alquimista tem suas próprias experiências e desejos de resultados, entretanto, existem alguns elementos constantes como a transmutação de um metal comum em ouro, a obtenção da Pedra Filosofal, a produção do elixir da longa vida e a criação do homunculus (o plural é homunculi). Transmutar metais comuns em ouro, hoje nos parece mais uma metáfora para elevação espiritual do que propriamente esse feito. A pedra Filosofal é um artefato que seria um catalisador, ou seja, um facilitador das transmutações e o meio de se conseguir o elixir da longa vida. Criar a vida é um ato que em qualquer religião sempre é delegado aos Deuses maiores, portanto, um humano que não fosse feito por Deus não deveria possuir alma. Isso é um homunculus, um humano criado artificialmente por outro humano sem a intervenção divina e que por conseguinte não possui alma. Agora voltando à Fullmetal Alchemist…

Edward e Alphonse Elric são dois irmãos alquimistas que tiveram suas vidas radicalmente mudadas quando tentaram trazer sua mãe de volta à vida quando ainda eram pequenos. Para eles a sua mãe era tudo o que tinham, já que seu Pai os abandonou. Para reviver sua mãe estudaram por muito tempo e quando Ed tinha 11 e Al, 10, fizeram uma transmutação humana, um ato proibido. E eles descobriram o porque disto ser proibido, pois todos os que tentam acabam morrendo. Ed no entanto perde apenas a perna esquerda, enquanto Al é totalmente consumido pela reação, restando apenas sua alma, fixada posteriormente em uma armadura metálica com o sacrifício do braço direito de Ed. Tudo isso serviu para que eles aprendessem a lei que rege a alquimia (e porque não dizer, o mundo), a “Lei da Troca Equivalente” (“Lei da Conservação de Massa e Energia” em Física e Química) que diz: Para se obter uma coisa é preciso dar algo em troca de valor equivalente.

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Edward tem sua perna e braço reconstruídos devido à próteses mecânicas implantadas por um velha amiga da família e Winry Rockbell, a melhor amiga dos irmãos. Agora, com o novo sonho de obter seus corpos de volta, eles farão de tudo para obter o conhecimento necessário para tal. Eles se alistam no exército para se tornaram Alquimistas Federais. Apenas Ed consegue passar, pois Al foi aconselhado por Roy Mustang, um ardiloso Alquimista Federal que ajuda os irmãos, a não continuar, pois corria o risco de descobrirem que sua armadura era vazia no exame médico. Edward aprende a fazer alquimia sem usar o círculo de transmutação (um símbolo que deve ser desenhado para que ocorra a reação) e com isso é aprovado no exame de qualificação para Alquimista Federal; e então passa a ser conhecido pela alcunha de “Alquimista de aço” (Fullmetal Alchemist em inglês, Hagane no Rekinjutsushi em japonês).

As aventura dos irmãos se passam quase sempre ajudando alguém em algum lugar enquanto procuram um meio de obter a pedra filosofal e burlar a lei da Troca Equivalente para conseguirem seus corpos de volta. Em sua jornada, eles encontram alquimistas legais e maus, homunculus, fanáticos religiosos e aliados inestimáveis.

Arakawa tem uma habilidade incrível para criar personagens críveis ao mesmo tempo que incríveis. Se por um lado Ed tem um ataque cada vez que é chamado de baixinho,  em seus 15/16 anos ele é capaz de entender a vida como gente grande. Al é um garoto de 14/15 anos preso em uma armadura metálica sem poder sentir absolutamente nada, sem lembrar do toque do irmão ou do perfume de sua mãe, ele é triste ao mesmo tempo em que continua a ser uma criança. Roy Mustang é aquele cara calculista que parece que não liga para ninguém, contudo ele se preocupa até demais com todos. Maes Hughes é um militar totalmente atípico, fascinado pela mulher e pela filhinha, chegando ao ponto de irritar seus amigos quando fala ou mostra fotos delas o tempo todo.

Isso tudo rendeu muitos prêmios à Fullmetal Alchemist. Vou ficar devendo os prêmios e listagens em que manga e anime entraram, pois são muitas, contudo posso dizer que poucas vezes um manga entrou na lista dos livros mais vendidos da América de ficou lá por muito tempo. O anime coleciona prêmios de trilha sonora e roteiro. O filme ganhou 3 premiações no 5o premio Tokyo anime, incluindo o de “Animação do ano”. Filme este que não apenas amarra todas as pontas soltas do ultimo episódio, como eu considero este o melhor filme de animação que eu já vi.

Para quem viu, aconselho rever pois há muitos detalhes que podem passar desapercebido. Para quem ainda não viu, está na hora de começar a ver. Para quem não leu o manga (como eu) a hora é essa. E ainda tem uma nova versão da história conhecida como Fullmetal Alchemist Brotherhood que conta a história do mangá sem fillers.

Agradecimentos à Raquel Gotijo que colaborou para consertar alguma erratas.

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