Adeus LOST
|O texto a seguir pode conter spoilers de todas as temporadas de LOST.
Um olho abre e um homem acorda deitado no meio de uma floresta. Ele levanta e caminha em direção à uma praia. Com destroços de um avião e vários mortos e feridos à sua frente, ele parte para ajudar seus colegas de acidente. Assim começou LOST, a série que desde 2004 revolucionou a forma de se ver TV, que fez as pessoas pensarem novamente, sendo aclamada por muitos como a melhor série de todos os tempos. Para ser sincero, LOST mudou muito mais que simplesmente a TV, pois cinema, Internet, livros e outros meios beberam da fonte de LOST. Restando apenas o Epílogo para terminar, decidi que era hora de dar um tributo à série que preencheu uma parte da minha vida.
LOST ganhou terreno com a Internet. Em milhares de sites, blogs e fóruns, os fãs discutiam sobre os mistérios da série, o caráter e atitudes de seus personagens, baixavam cada episódio para rever detalhadamente todos os fatos a fim de criar suas próprias teorias sobre os rumos da série.
Este magnífico seriado se passa numa ilha tropical repleta de surpresas, onde habitam ursos polares, um povo oculto e até um monstro misterioso. Porém isso não seria tão bom se um médico controlador, um torturador iraquiano, um vigarista caipira, um músico viciado, uma bela fugitiva, um careca ex-paraplégico, um nerd gordo e tantos outros personagens simples e ao mesmo tempo cativantes não tivessem caído nessa ilha.
A história começa com um acidente aéreo que deixa 48 sobreviventes em uma ilha misteriosa, longe de qualquer possível resgate e com acontecimentos estranhos ocorrendo a cada momento. A série se caracterizou pela narrativa não linear, sempre focando num personagem na ilha e traçando um paralelo com outras situações vivenciadas por este. A genial idéia de JJ Abhrams, Carlton Cuse e Damon Lindelof de mostrar personagens como papéis em branco (tabula rasa como diria John Locke, o filósofo inglês, não o personagem) e que aos poucos íamos conhecendo, amando, pedindo para saber mais sobre ele. A cada episódio, muitos mistérios sobre os personagens ou sobre a ilha surgiram e constantemente ficavam sem resposta por muitas temporadas. Intercalando Flashbacks, com a história da ilha, os produtores e roteiristas aumentaram muito as variáveis que poderia ser usadas na equação do sucesso, tornando cada personagem.
Com uma primeira temporada quase impecável, apresentando o justamente o que precisávamos saber e com um número bom de mistérios. As relações entre os personagens principais foram construídas, os mistérios foram sendo tecidos e percebemos que eles não estavam sozinhos na ilha. Jack, Locke, Kate, Sawyer, Hurley, Sayid, Charlie, Jin, Sun, Boone, Shannon, Walt, Michael e Rose são aqueles que sofreram inicialmente nessa ilha.
A segunda teve temporada teve a ingrata missão de continuar o excelente trabalho da primeira, mas infelizmente ficou um pouco abaixo da primeira. Nesse ano, eles encontraram os sobreviventes da cauda do avião e uma escotilha onde o brothá Desmond apertava um botão a cada 108 minutos para evitar um grande mal. Mais uma leva de personagens carismáticos e incríveis para a trama: Mr. Eko, Ana Lucia, Libby, Bernard e já citado Desmond.
No terceiro ano, conhecemos a vida dos “Outros”, ou seja, o povo que vivia na ilha antes dos sobreviventes. Soubemos alguns de seus hábitos e adições essenciais à trama foram feitas: Juliet, Ben e o conceito de Jacob, o líder dos outros e protetor da ilha. Rodrigo Santoro fez uma breve participação como o sobrevivente Paulo, no começo da temporada que sem duvida foi a parte mais enrolativa do seriado. Contudo o final desta deu novo ânimo aos fãs.
Na Quarta temporada foram introduzidos em larga escala os Flashfowards (flashs do futuro) dando um novo gás à série, unindo forças com flashbacks dos novos personagens: Miles, Faraday, Lapidus e Charlotte.
Na quinta temporada viajamos no tempo (literalmente), deletamos todos os sobreviventes inúteis do vôo Oceanic 815 e focamos em tentar amarrar a história de tudo o que aconteceu. Foi uma das melhores temporadas, se não a melhor. Sem a comum montanha de novos personagens, poucos novos mistérios e até algumas soluções de enigmas anteriores.
Já a sexta e última temporada introduziu uma um conceito totalmente revolucionário (pra variar): Flash-sideways, ou seja, Flashs de uma linha de tempo alternativa à da ilha, onde o vôo 815 pousou normalmente em LAX (o aeroporto de Los Angeles). O embate entre o lado claro e o lado escuro proposto por John Locke (o personagem mesmo) ainda no começo da série finalmente torna-se real.
No fim, os Flash-sideways contavam acontecimentos dos pós mortem, numa dimensão criada pelos Losties a fim de se reverem uma última vez antes de seguir para o outro lado. A frase “Te vejo numa outra vida, brother” foi a inspiração para criar esta novo ângulo da história.
A maioria dos grandes mistérios de LOST foram respondidos (ainda que nem todos tão satisfatórios para o publico geral), porém muitos questionamentos feitos pelos fãs ficaram apenas superficialmente explicados ou foram esquecidos.
O Series Finale dividiu os fãs. Particularmente, eu gostei do final, mas entendo quem não gostou. Por mais que digam que LOST só era o que foi pelos mistérios da ilha, eu continuo a dizer que o mais importante sempre fora os mistérios dos personagens e seus conflitos. E estes foram resolvidos, então o final foi satisfatório.
Sentirei muitas saudades
Em breve trarei informações sobre o Epílogo da série.