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Karate Kid: Qualidades vs Saudosismo

Tinha muita gente com medo do novo “Karate Kid”. Medo de que o remake estragasse sua infância e o espírito oitentista. Bem, para mim, ao menos, não fui assistir ao filme com a intenção de ver um remake, mas um filme de Jackie Chan homenageando o clássico da “Sessão da Tarde”. E assim foi. E foi muito bom.

Ainda que eu quisesse que ele se chamasse Kung Fu Kid, o novo Karate Kid foi uma excelente maneira de trazer uma boa publicidade à produção. Ele trouxe um Jackie Chan, mostrando pela primeira vez que já é um senhor de idade, na pele do Sr. Han, no papel de mestre que outrora fora do eterno Sr. Miagi, Pat Morita. Jaden Smith impressionou e mostrou que a boa atuação é um legado da família Smith. Will deve ter ficado muito orgulhoso, pois o Daniel San de Ralph Macchio e Xiao Dre de Jaden, embora tão diferentes física e emocionalmente, eram iguais em profundidade e superação.

No começo, temos dezenas de referencias ao primeiro filme da série. Algumas cenas até ficaram  iguais, outra muito bem adaptadas. A cena da vingança de Dre ficou muito aquém da feita por Daniel, refletindo a imaturidade do garoto. Aliás, Daniel era um adolescente, enquanto Dre é um pré-adolescente, o que reflete o momento do cinema em ambas as épocas: hoje, a industria cinematográfica está mais voltada para o público infantil enquanto nos anos 80 as aventuras eram mais juvenis.

Jaden não fez feio nas cenas de luta, assim como nas de Drama, ele arrasou e mostrou de vez que poderá tornar-se um ator tão bom ou melhor do que Will Smith no futuro. O novo ensinamento lúdico de “tirar e pôr o casaco” foi muito bem bolado não perdendo em nada para o “encerar carro” e “pintar a cerca”. O resultado, tão espetacular quanto, pois a cena em que Han testa as habilidades de Dre foi perfeita.

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A incursão da cena da montanha, com Dre aprendendo sobre o Chi e a posição de Mantis foi muito linda. Assim também foi a nova tragédia na vida do mestre e a saída de Dre para os problemas do amigo. No original, após o discípulo dizer que o mestre “É o melhor amigo que já teve”, Miagi solta um “Você não está nada mal também”, que ficou faltando para Mr. Han.

Dos coadjuvantes: Mei yin e Ali são praticamente idênticas e apesar de eu odiar Lady Gaga, devo admitir que ver a menina dançando Poker Face foi muito bom. A mãe continua uma boba alienada como sempre. Cheng não perde em nada para Johnny, ele sabe fazer um bully da melhor qualidade.

O novo mestre do mau fez Kreese parecer bonzinho e eu pedi muito pra que tivesse a icônica cena que aparece em Karatê Kid II e III onde o senhor Miagi derrota Kresse no estacionamento. Infelizmente não houve.

Por falar da parte musical, foi muito boa e eclética por sinal, tendo apenas a canção principal como dispensável (cantada pelo odioso Justin Bierber), indo desde música clássica até hard rock (Back in Black do AC/DC).

O empenho de Dre foi muito mais evidente do que o de Daniel e isso foi um ponto positivo da nova película. As lutas do torneio foram muito boas, com cada incursão marcial de Jaden sendo espetacular.  A cara de surpresa de Mr. Han com a posição de “Serpente Sagrada” foi ótima, assim como visualmente o ataque final. Pena que a nova geração não vai poder conseguir imitá-lo assim como a minha imitou o “Golpe da Garça”.

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