Crônicas Ocultas do Clã DBOF: Cap9 pt1
|Capítulo IX: Um cavaleiro jura bravura
O mundo está prestes a acabar e tudo o que parece importar são aqueles a nossa volta. Até o fim, muitos cairão mortos e feridos, mas se um amigo corre perigo arriscamos o destino da humanidade para salvá-los. Seria egoísmo? Seria um orgulho insensato? Seria um mero capricho de uma mente que não compreende a grandiosidade do evento que tenta reverter?
A escolha entre a vida de uns poucos e a de bilhões se faz em milissegundos. Contudo o coração humano, mais que nossas mentes, sabe o que é o certo a fazer. E o faz sem duvidar, pois a diferença entre nós e as máquinas é que somos guiados por nossos sentimentos.
Esta diferença será fundamental, pois a máquina tenta dominar o homem, enquanto este pensa que é ele que a domina. E a decisão dessa guerra se fará quando a força de vontade do coração humano se sobrepor ao racionalismo digital que dizem eloqüentemente ser um fato.
– Quero que o mate para mim –Dario disse a Will enquanto sentavam-se no sofá.
Estavam de volta ao escritório de Dário. Willian assustou-se com o pedido, contudo não respondeu ao apelo. Dario mostrou um controle remoto e lhe explicou que apertando aquele botão, automaticamente, sua armadura viria até ele.
– Eu farei isso por você, meu mestre –Willian falou resignado.
– Obrigado, amigo –Dario falou com sua voz macia e cativante. Sabe, acho que Mauricio reuniu a DBOF para me derrubar, inclusive você e Adriana.
Willian estremeceu. Não havia lhe dito isso e agora ele sabia.
– No entanto, você e ela vieram para o meu lado –Dario continuou no mesmo tom de antes. Não se preocupe, eu acredito que não me contaram porque tiveram medo de que eu os julgasse traidores. Sei que vocês estão do meu lado –Dario pôs a mão no ombro de Will e apertou firme.
– Obrigado pela confiança… – Willian agradeceu fitando-o nos olhos.
– Senhor Presidente –Dario disse. Me chame de Presidente –Falou com um sorriso enquanto levantava.
Foi para sua mesa e sentou-se em sua confortável cadeira giratória.
O guarda da prisão ouviu um barulho estranho e sacou a pistola. Olhou para o corredor que dava na ante-sala e não havia nada além de sua cadeira e da porta do banheiro batendo. Aproximou-se para fechá-la, contudo ao colocar a mão na maçaneta percebeu que um cheiro forte e a abriu, revelando a tampa do bueiro fora do lugar. Apontou a arma para lá e se dirigiu lentamente em sua direção. Ao olhar para dentro do esgoto, viu tudo escuro, então colocou as mãos no bolso da perna direita para pegar uma lanterna e nesse instante foi golpeado com um bastão por Onil.
O grandão pegou as chaves e correu para as celas. Era um pequeno labirinto de celas.
– Denis, Karol, Danton, cadê vocês? –Onil chamou.
– Quem está ai? –Denis perguntou.
Onil correu para sua cela e ao chegar lá, Denis tomou um susto.
– Calma, amigo Denis, sou eu, Onil Galad! –Onil falou com sorriso que não lhe era habitual, devia estar copiando Mauricio.
– O-Onil? –Denis gaguejou surpreso. Ah cara que bom que está aqui –A cela se abriu e ele abraçou-o.
Onil retribuiu o abraço. Nas poucas horas que ficou com Mauricio, abraçar tinha se tornado um tabu.
– Vamos, temos que achar Karol e Danton.
A mesma cara de surpresa, a mesma emoção, Karol e Danton gostaram muito da nova aquisição da equipe e Onil sentiu-se novamente pertencendo a algum lugar. Seguiram-no pela porta da frente e rumaram para o deque principal, onde Mauricio disse que poderiam pegar um carro e fugir.
– Onil-kun, cadê o Mauricio-chan? –Karol perguntou.
– Ele está indo lutar contra Dario –Onil praticamente murmurou.
– Nem ele pode enfrentar aquele canalha sozinho, deve ter centenas de guardas esperando ele! –Denis falou. Temos que ajudá-lo! –Denis disse parando e olhando diretamente para Onil.
– Eu recebi a ordem do Mauricio para tirar vocês daqui custe o que custar –Onil falou preocupado. Ele tem um plano, ele sempre tem. Não se preocupem!
– Não posso deixar ele para trás –Denis retrucou. Onil, leve Danton e Karol para o deque, eu tenho que ajudar o nosso amigo médico.
– Eu vou com você Denis –Karol falou aproximando-se dele. Demorou muito tempo para nos encontrarmos, não te deixarei ir tão facilmente.
– Não, Karol –Denis segurou-lhe as mãos. Vá com o Onil, sozinho sou mais rápido e tenho mais chances de ir e conseguir voltar sem problemas. Mas aconteça o que acontecer, eu te amo.
Denis a puxou e beijou sua boca ardentemente.
Onil virou-se para Danton e disse.
– Erh… você tá bem?
– É, eu to bem, Clã orck juntos de novo hein –Danton falou visivelmente sem assunto.
– É – Onil falou cruzando os braços.
Karol estava mais feliz do que nunca em sua vida, todavia não conseguia controlar o choro. Após o que parecia durar uma eternidade, Denis sussurrou algo em seu ouvido e então partiu.
Xiku, Thiago e Pedro verificaram o armamento e se prepararam para receber os inimigos. Eles já chegaram atirando e os amigos voaram em evasiva. Thiago começou a atirar com a arma que saia de seu ombro direito, sua única metralhadora, fazendo-os se dispersar. Então Pedro voou para trás deles, num ângulo de 120º com a posição de Thiago, atirou com a metralhadora do punho direito, forçando os 10 soldados a reagruparem e tentarem ir em direção ao chão da base longe da mira dos dois.
No entanto, este era o plano de Xiku. Ele surgiu no ponto para onde os soldados rumavam e com as duas mãos atirava freneticamente. Abateu três soldados, entretanto o restante o fizeram sair da posição. Contudo, Thiago e Pedro continuaram atirando e pegaram mais dois cada um. Xiku pediu para pouparem munição.
Ele mesmo partiu para cima deles, os socando e terminando com um golpe com as duas mãos que jogou o soldado longe. Thiago e Pedro foram ambos de encontro ao mesmo e fizeram um sanduiche. O terceiro ainda atirou neles, mas foi surpreendido por Xiku que o esmurrou, deixando-o indefeso para um chute de Thiago que o enviou para Pedro e este o socou com toda a força, lançando-o para o outro lado.
– Muito bom, pessoal! –Xiku deu um sinal de positivo enquanto desciam.
– Oh-oh droga –Pedro reclamou. Viram essa leitura?
– Mais deles? –Thiago perguntou.
– Calculo umas 50 cabeças… pelo menos –Pedro falou nervoso.
– Droga, eu queria ir lutar contra Dario, mas esses caras não vão deixar –Xiku falou irritado.
– Amigo, pode ir –Thiago falou.
– O que? –Xiku exclamou. Não deixaria vocês aqui sozinhos, idiota! Iriam morrer em segundos.
– E se você não for, talvez todo o planeta morra! –Pedro berrou. Não sabemos se o plano de Mauricio está dando certo, aqui não deu. Só do que sabemos é que essas armaduras tem poder suficiente para destruir Dario.
– Vai Xiku, nós vamos agüentar –Thiago disse firme. Não deixe que seja tudo em vão!!
Xiku olhou incrédulo para os amigos. Não poderia deixá-los.
– Não precisam repetir o que fiz agora a pouco, não se sacrifiquem à toa –emocionou-se Xiku.
– Não iremos –Ambos falaram aos mesmo tempo.
Xiku retirou o capacete e então falou, com lágrimas nos olhos.
– Conto com vocês para me cobrir, não deixem que nenhum míssil saia daqui, entenderam –Xiku ordenou e teve um assentimento de ambos.
Ele voou então para a Fortaleza de Dario.
Renan saiu de seu esconderijo resmungando.
– Porque eu não tenho armadura, eles me deixaram aqui sem nada pra fazer. –Olhou para cima e viu a armadura de Xiku saindo do campo de batalha. O que aquele cara está fazendo?
Leandro e Vitor olhavam pelo binóculo e quase não acreditaram quando viram Xiku por debaixo da armadura verde.
– Então, é isso! Aqueles devem ser Thiago e Pedro! –Vitor concluiu. Que demais!!
– E onde estará o Renan? Ou melhor, porque um deles não pode ser o Renan?–Leandro questionou.
– Humpf, ele deve ter atirado no pé quando colocou a dele –Riu Vitor, sendo seguido por Leandro.
No escritório de Dario, Willian descansava deitado no sofá enquanto Dario olhava pela janela. Ouve um grande barulho e o chão estremeceu e começou a ceder.De um buraco surgido no chão, em meio à fumaça, Mauricio sai.
– Dario, você sabia que se essa fortaleza tivesse sido ativada antes, eu poderia explodir essa sala toda se eu incendiasse o metano do esgoto? –Mauricio gargalhou.
Continua…