O Hobbit – O livro e a jornada de Bilbo na Terra-média
|O primeiro livro sobre a Terra-média. Aquele que deu o chute inicial para a trilogia do anel. O Hobbit tem uma importância fundamental na literatura mundial, muito mais porque é por ser o prequel de O Senhor dos Anéis, no entanto, como obra, tem um valor inestimável por si só. Na iminência do filme Uma Jornada Inesperada, temos que falar desse livro.
A jornada heroica é traçada em cima de Bilbo Bolseiro, um Hobbit, sem motivos para ser diferente dos outros preguiçosos e monótonos de sua espécie. Quando um velho conhecido, o mago Gandalf, reaparece no condado e lhe trás 13 anões, sua vida muda completamente e ele parte em uma aventura. E que aventura a de Bilbo e Gandalf acompanhados de Ori, Nori, Dori, Óin, Glóin, Fili, Kili, Bifur, Bonfur, Bombur, Dwálin, Balin e Thorin Escudo de Carvalho em busca do tesouro guardado pelo dragão Smaug.
Cuidado: Embora tenha poucos, há spoilers por aqui.
Numa toca no chão vivia um hobbit…
O tom é totalmente diferente de SDA. Não pense que o volume absurdo de descrições estará presente (embora esteja em quantidade maior que o normal para um livro infanto-juvenil, aproximando-se até do ritmo de Harry Potter) ou que a atmosfera pesada e tensa aparecerá. É um livro muito mais dinâmico e divertido. Difícil ver um capítulo que não leve a um ponto importante da trama.
Claro que essa simplicidade vem com alguma infantilidade, pois o público alvo é diferente em ambos os livros. Bilbo é carismático como os Hobbits do futuro, porém os 13 anões são tão cômicos que lembram mais os sete anões da Branca de Neve do que o turrão Gimli de SDA. Os élfos também são muito mais criaturas místicas do que um povo humanoide superior. Os trolls são muito diferentes dos mostrados no filme/livro, sendo inclusive falantes. Até Gandalf é diferente. O mago cinzento está muito mais um feiticeiro humano do que um semideus nórdico.
E essas mudanças que vieram de A Sociedade do Anel em diante fazem sentido também na mudança de autor. Não dos livros reais, mas do Livro Vermelho. O Senhor dos Anéis foi escrito por Frodo, logo após seu regresso da saga do anel, portanto com muito mais detalhes de cenário e tensão. Já “Lá e de Volta outra vez – As férias de um hobbit” foi escrito por Bilbo anos depois e quando lhe era mais conveniente e, portanto, transformada pelos anos. Embora, é claro, a mudança tenha sido do próprio J.R.R. Tolkien.
A jornada do herói da Terra-média
Voltando ao roteiro da jornada do herói, a bondade e astucia do Hobbit é tanto o que move a história quanto seu grande poder, pois, o barrigudo e conformado Bilbo evolui para um grande ladrão aventureiro, sem perder deixar suas qualidades iniciais. Gandalf é o mestre cuidadoso que tem poder para resolver tudo sozinho, mas deixa seus 14 companheiros para que eles tomem seus rumos na vida. Os 13 anões tem suas características bem marcadas (como na Branca de Neve) e alguns como Bombur, Balin, Gloin e Thorin tem sua personalidade bem desenvolvida, porém não tão marcantes com a do Hobbit e Gandalf. Até sua missão de buscar o tesouro guardado pelo Dragão Smaug é estranhamente engraçada: eles não tinham ideia de como conseguir entrar e derrotar o Dragão! Já Bilbo está sempre entre o sensato e o valente, transformando-se verdadeiramete em herói quando faz sua espada Ferroada brilhar numa noite escura e salvar seus pequenos amigos das garras das aranhas gigantes.
Charadas no Escuro
Também conhecido por Advinhas no escuro. Melhor capítulo do livro, o momento em que Bilbo encontra o um-anel (ainda que se pensasse que era apenas mais um dos muitos anéis mágicos) e desafia Gollum para uma disputa de charadas, a qual é mais emocionante que qualquer batalha descrita nos livros de hoje em dia. Embora possa parecer infantil quando citada, é realmente tensa ao se ler.
Rumos inesperados (spoilers alert)
Bilbo, odiado no inicio e reverenciado como ótimo ladrão e companheiro pelos anões depois, foi escurraçado por Thorin quando tentou fazer o que achava certo. E mais quem dia que após tanto se falar de Smaug, o temível dragão da montanha solitária, seria um humano a cravar-lhe uma flecha e selar o seu destino. Bard, o homem que virou herói e líder dos homens foi uma adição meio que de última hora para nos lembrar de que embora obstáculos existam, às vezes outras pessoas podem nos ajudar e juntos enfrentamos momentos piores…
A batalha dos cinco exércitos e o fim da viagem
O tão aguardado clímax da história se dá numa batalha épica entre Orcs e Wargs contra humanos, elfos da floresta e anões (sem esquecer-se da grande ajuda do transmorfo homem-urso Beorn). No meio de tudo isto: a companhia de Bilbo e os 13 anões. Thorin, em seu leito de morte, entende a amizade de Bilbo e seu ato de sacrifício. Na sua jornada para casa, Bilbo percebe que os frutos colhidos no tesouro de Smaug não foram tão grandes quanto a jornada pela qual passou ao conhecer aqueles anões, se tornar amigo dos elfos e Elrond, conhecer um Urso, matar aranhas, fugir de elfos e derrotar Orcs.
Por: Dr. M. Barreto
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