O Hobbit – Uma Jornada Inesperada ou como fechar o ano com chave de mithril
|Sem dúvida, 2012 foi o ano dos nerds. Os Vingadores, Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge, Os Mercenários 2 e por último, e com certeza, não menos importante: O Hobbit.
Uma Jornada Inesperada veio para matar a saudade que os “old nerds” tinham da trilogia O Senhor dos Anéis e para apresentar a Terra-média aos “new nerds”, sendo o responsável, junto com as películas citadas acima, do aumento da nossa raça.
E da mente do nerd supremo, J.R.R. Tolkien, O Hobbit foi concebido e, novamente, Peter Jackson nos fez novamente o milagre de transpor o universo criado pelo mestre em seus livros para o cinema. Se na trilogia do anel, o trabalho de PJ era condensar ao máximo as mais de 1200 páginas de um conteúdo denso e altamente descritivo, agora em O Hobbit seu trabalho era justamente ao contrário: alongar, densificar e integrar as menos de 300 páginas de pontas soltas e aventuras rápidas.
Em Uma Jornada Inesperada, Peter Jackson conseguiu realmente me tirar o fôlego. Assim como na trilogia anterior, a estase criada por Tolkien, em que os personagens faziam tudo sem pressa e ficavam dias e dias descansando, foi substituída por momentos de urgência e tensão que levavam os personagens e os expectadores ao limite das emoções.
SPOILERS abaixo.
Numa toca no chão vivia um hobbit…
A cena de abertura, mostrando como se deu a queda de Thrain e da cidade de Erebor na Montanha Solitária já mostrou que o filme teria várias incursões ao passado, com batalhas épicas e cenários incríveis. Chegando ao Condado, vemos um dia muito lembrado por nós: o aniversário de Bilbo (Martin Freeman), quando ele começa a escrever o livro vermelho. A introdução de Frodo (Elijah Wood) nesta parte criou um belo vinculo com a abertura de A Sociedade do Anel, revivendo toda a emoção das 11 horas (na versão extendida) da trilogia anterior.
As cenas do condado foram tão cômicas quanto descritas no livro. Me fez falta somente a hospitalidade de Bilbo e a fala de que a pequena abertura pela qual teria que passar “parecia até muito grande” que foram perdidas na transposição, porém sem grandes problemas. A cena dos trolls também foi muito boa, mostrando a diferença dos bobalhões anões do livro para os anões guerreiros Gimli-like.
O mundo mudou…
O mago castanho, Radagast (Sylvester McCoy), fez sua primeira aparição cinematográfica e foi uma das adições que mais importam para a subtrama do Necromante. Em resumo: Gandalf (Sir Ian McKellen) deixa os anões em certo momento do livro e isto é explicado por uma luta contra certo poder das trevas personificado no Necromante, embora isso seja apenas citado, é uma parte fundamental da Guerra do Anel, pois mostra que a força de Sauron já estava aumentando. Assim sendo, Peter Jackson e os roteiristas tiveram a grande ideia de levar isso ao filme e usar também como desculpa para juntar em Rivendel (ou Valfenda), o dono da ultima casa amiga Elrond (Hugo Weaving), lady Galadriel (Cate Blanchett) e o mago branco, Saruman (Christopher Lee) num conselho para ver os destinos dos habitantes da Terra-média.
Cabe aqui explicitar o que disse acima: o trabalho em O Hobbit era não somente transpor o livro para o cinema, pois este foi escrito para ser singular e não integrado a algo maior, mas também, justamente, integrá-lo à trilogia do anel e mitologia do Silmarilion e Contos Inacabados.
Para aumentar a fluência da história, colocar aquele que teria sido morto na tomada de Moria, o rei orc Azog (John Rawls) para caçar Bilbo e os 13 anões foi genial, pois originalmente ele havia sido morto pelo anão Dain. Isso deu um ritmo frenético e garantiu grandiosas cenas de luta pessoa a pessoa que faltavam no livro. Gandalf d’O Hobbit era muito mais um “mago de truques baratos” como o próprio diria e PJ soube transpô-lo como um Istari deve ser: poderoso e imponente. O motivo da jornada ficou muito mais poético: não apenas uma busca por um tesouro perdido, mas o desejo de retomar a casa dos anões.
Da frigideira para o fogo
Agora, nem tudo são flores. Os anões, infelizmente, foram mal apresentados. Não somente por culpa da equipe de roteiristas/diretores e produtores, mas pelo próprio Tolkien não ter dado muita personalidade a cada um deles. Diferente do que conseguiu fazer com Aragorn, Gimli, Legolas, Boromir, Merry e Pippin, entre outros, Peter Jackson não conseguiu caracterizar tão bem os anões. Thorin escudo de carvalho (com direito a cena que mostra como ganhou o sobrenome) ficou bem caracterizado, assim como Kili (o anão de rosto bonito que “substituiu” Orlando Bloom como galã), Bombur (o gordo), Ori (o retardado), Nori (o incompetente), Dwálin (o durão) e Bálin (o velho leal). Os outros (Fili, Oin, Bifur, Bonfur, Dori e Glóin) são apenas citados. Como eu disse no twitter: uma história de sete anões e mais seis.
Os Orcs dos túneis ficarão muito estranhos também. Totalmente diferente dos orcs da trilogia original e com caras plásticas demais. Diferente dos orcs seguidores de Azog que ficaram bem legais. Gollum também ficou mais “animado” do que o normal, embora não chegue a ser um problema (pô, ele tava feliz com o precioso dele né?), sendo que foi realmente um belo pré-climax para o filme. Agora o que não gostei foi do desfecho da charada final, em que Bilbo pedia tempo e acabava respondendo sem querer (genial) e não Gollum que dava a resposta num ato falho (altamente fail).
O reconhecimento de que Bilbo era um membro importante da companhia, feita originalmente após a parte das aranhas, foi muito bem antecipada para o final do filme, criando um clímax que é, indiscutivelmente, digno de ser aclamado e que emociona a todos. Realmente mais um filme para ser visto e revisto. E que venha o que nos prometeu a última cena: A Desolação de Smaug!
Salvas de palmas extras:
- A música dos anões sobre a Montanha virou hit;
- A guerra dos Gigantes de Pedra foi incrível;
- Elijah Wood não é um Hobbit, é um Elfo! Esse cara não mudou nada em 10 anos! (tá, emagreceu um pouco);
- Gandalf e suas borboletas… marcas do cinema;
- Se um Dragão fez tudo aquilo na cidade dos anões… Eu tive medo à posteriori pelo que um Balrog faria com sociedade do anel!
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