Batman: O Legado do Morcego parte 3 – dos quadrinhos ao cinema
|O sucesso do Batman nos quadrinhos abriu-lhe a chance de conquistar novas mídias e falaremos nesta última parte da série de artigos sobre O Legado do Morcego no cinema.
Leia o inicio da série O Legado do Morcego – O Cavaleiro das Trevas e Através da Eras dos Quadrinhos. A compreensão de um único texto não se altera sem a leitura dos outros, porém a experiência é mais intensa e vivaz ao se ler os três textos.
Após anos do seriado de TV do Batman, estrelado por Adam West, o público geral ainda tinha essa figura cômica no subconsciente. Com o lançamento da grafic novel de Frank Miller, O Retorno do Cavaleiro das Trevas, os produtores de Hollywood prepararam uma versão dark do herói para o cinema. Assim surgiu aquele que após anos sem bons filmes de superheróis no cinema (desde Superman II) foi o marco inicial para o retorno de Batman aos cinemas e ao gosto das grandes plateias.
Batman (1989) foi estrelado por Michael Keaton como o homem morcego e o magistral Jack Nicholson como Coringa e foi dirigido por Tim Burton. O tom gótico contrastando bem e mal, sombrio e cômico fez deste filme um aclamado sucesso de público e crítica. A história conta o trauma da morte dos pais de Bruce Wayne e passa direto para seu inicio de vida como Batman lidando com O Coringa, enquanto tem um caso com a repórter Vicki Vale (Kim Basinger). A trilha sonora criada por Danny Elfman tornou-se icônica e inconfundível, sendo muito maior do que o filme e até hoje é utilizada, com variações, em diversas mídias. Este filme faz um arco shakesperiano de “Eu te criei, mas você me criou primeiro” entre Coringa que teria matado os Waynes e Batman que causou o acidente, o qual mudou a vida do bandido Jack Napier, tornando-o o Coringa. Três aspectos interessantes a ressaltar são: Batman não usava simplesmente uma roupa preta, mas uma armadura; o Batmóvel tem um design clássico e é muito bacana; e o Coringa de Jack Nicholson era basicamente um grande palhaço cometendo crimes.
Em Batman: O Retorno ( Batman Returns, 1992), Michael Keaton volta a vestir o manto negro contra o vilão Pinguim (Danny DeVito) e a elogiada Michelle Pfeiffer como a Mulher Gato, novamente sob a direção de Tim Burton. O diretor tentou aumentar ainda mais o tom dark, contudo histórias absurdas (como o arco do pequeno Oswald Cobblepot ter sido abandonado e criado por pinguins e a transformação da Mulher-gato numa “morta-viva”) aliado à atuações forçadas fez esse filme ganhar muitas críticas negativas, embora ainda que as positivas as superassem. A bilheteria, no entanto caiu bastante.
Batman Eternamente (Batman Forever, 1995), realizado deixando de lado a dupla Keaton/Burton e o tom dark/ sério dos dois primeiros, traz Val Kilmer dando vida a Bruce Wayne/Batman que enfrenta mais uma dupla de inimigos: Tommy Lee Jones como Harvey Duas Caras e Jim Carrey como O Charada, tudo sobre a direção do fraco Joel Schumacher. Neste filme, vemos a gênese de Robin, na pele de Chris O’Donnell como o ex-circense adolescente Dick Graysson. Também neste filme, não poderia faltar um interesse amoroso, Nicole Kidman entra em cena. História muito fraca, atuações muito fracas (Jones, excelente ator, ficou sem saber o que fazer e foi orientado por Schumacher a “imitar Jim Carrey”) e uma estética colorida e plástica fizeram deste um dos piores em quesito adaptação de HQ. Ainda assim, o filme foi bem nas bilheterias pela queda da classificação indicativa.
Batman & Robin (1997) – Batman ganha vida através de George Clooney juntamente com Chris O’Donnell novamente como o menino prodígio. Três vilões pretendem destruir Gotham: Mr. Freeze, vivido por Arnold Schwarzenegger, a sedutora Hera Venenosa vivida por Uma Thurman e o “só músculos e nenhum cérebro” (nesse filme) Bane vivido por Jeep Swenson. Um reforço a equipe de heróis viria na pele da bela Barbara Wilson/Batgirl vivida por Alicia Silverstone como sobrinha de Alfred! Novamente Joel Schumacher nos entrega um filme horrível e que desta vez não se salvaria nem em críticas, nem em bilheterias.
Joel ainda tentou um quinto filme, trazendo Clooney na pele de Batman (Batman Triunphant), mas não funcionou. Pensaram em Batman VS Superman, mas também não vingou. Então iniciaram-se dois projetos, sem as mãos de Schumacher: “Gotham” e Year One. No primeiro, teríamos o adolescente Bruce Wayne como investigador de pequenos crimes mostrando-nos como se tornou o Batman (Não sei se era mesmo Gotham o nome do projeto, mas vale a referencia, pois foi deste projeto que nasceu Smallville). Em Year One seria adaptada a obra de Frank Miller que deu reboot ao Batman, após a Crise nas Infinitas Terras. Os projetos se fundiram e foram para as mãos de Christopher Nolan e David S. Goyer.
Batman Begins (2005) não é apenas um reboot por reboot. É uma nova obra que se aprofunda na história de Bruce Wayne, nos dando respaldo histórico e psicológico para a criação de Batman. Neste filme, diferente do de 89, se explora a jornada de Bruce para se tornar o herói que conhecemos. Dando vida aos personagens, em atuações brilhantes, todas dignas de Oscar, temos Christian Bale (Bruce Wayne/Batman), Michael Caine (Alfred), Gary Oldman (Sargento/Tenente Jim Gordon), Morgan Freeman (Lucius Fox), Katie Holmes (a promotora Rachel Dawes), Ken Watanabe (Ra’s Al Ghul), Tom Wilkinson (o mafioso Carmine Falcone), Liam Neeson (Henri Ducard/ Ra’s Al Ghul) e Cillian Murphy (Dr. Crane/Espantalho). Se há um ponto fraco nesse filme, são as sequencias de ação que as vezes são rápidas e desfocadas. Fora isso, uma história sóbria e sombria mostrando uma Gotham City tão real e suja quanto possível e que se pode fazer a diferença. A trilha sonora excelente foi composta por Hans Zimmer e James Newton Howard. Foi um sucesso de crítica e bilheteria. Duas notas importantes são: foi mantido o esquema de “armadura” para o uniforme e o Batmóvel parece mais um tanque de guerra, tal qual o de The Dark Knight Returns.
Em Batman – O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, 2008), Bale retorna a capa e capuz juntamente com o elenco original (com exceção de Rachel interpretada aqui por Maggie Gyllenhaal) e adicionando-se Harvey Dent (Aaron Eckhart) e Coringa (Heath Ledger. O filme não é sobre o Batman, ele funciona como um condutor para nós presenciarmos a trajetória do promotor público Harvey Dent, o cavaleiro branco de Gotham, em sua luta para acabar com a corrupção na cidade ao mesmo tempo em que se firma em compromisso com Rachel Dawes e sua queda até se tornar o Duas Caras. Mais do que boas atuações, Lucius Fox, Jim Gordon (que se torna finalmente comissário nesse filme) e o mordomo Alfred tem suas próprias subtramas. Contudo, este filme teve uma estrela que brilhou intensamente em branco, verde e roxo: Heath Ledger criou uma versão perfeita d’O Coringa, conseguindo reunir maldade, psicopatia e comédia num nível tão de atuação que mesmo a decadente academia de atores que julga o Oscar e não dá premiações principais póstumas e a filmes de quadrinhos teve que admitir que ele mereceu vencer como melhor ator coadjuvante. Em minha opinião, e na de muitos cinéfilos, o Coringa de Legder super Darth Vader como maior vilão do cinema. A trilha de Hans Zimmer evoluiu de forma esplêndida e harmoniosa. Este é um filme de máfia, de ação, de profundidade moral e emocional como nunca se vira igual numa adaptação de HQ e raramente se vê nos cinemas. Este é, sem sombra de dúvidas, O MELHOR FILME DE SUPERHEROI JÁ CRIADO!
Para fechar a trilogia, O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises, 2012) manterá o elenco e adaptará A Queda do Morcego, trazendo Bane (Tom Hardy) e Selina Kyle/Mulher Gato (Anne Hathaway). A estreia acontece nos EUA em 20/07, amanhã e no Brasil no dia 27/07! Para saber mais sobre esse filme, fique ligado no Herói X.
Fique com o trailer de O Cavaleiro das Trevas Ressurge:
Por: Dr. M. Barreto e Patrick Duarte
Espero que tenham gostado desta série de Postagens da dupla formada pelo Editor Dr. Mauricio Barreto (@morfeubarreto) e o autor Patrick (@Pensa_livre). Adicione-nos no Youtube e Facebook.
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